Da série: sou pobre, mas sou limpinho 3

Resolvi almoçar no banco.
Ao adentrar a porta, sempre de mãos dadas com a minha infinita paciência, me deparo com uma das faxineiras:
- Oi Jana! Vou ter fazer compainha então...
- Ah legal! Não quis sair hoje?
- Não, não deu tempo. O chefão de São Paulo vem aí. Eu tinha um compromisso até, tive que desmarcar.
- Bah... Me disseram que esse cara é um mala.
- Pois é... não conheço ele ainda... Nossa, saí ontem, tô morrendo de sono, meus olhos ardem horrores.
- Bahhh onde tu foi??
- Ah num show aí duma banda...
- Ahhh tu vai naquele show da Rádio Cidade que vai ter?
- Humm, não tô sabendo não.
- Ah, mas tu não gosta?
- Olha, não conheço muito...
.......

- Mas tu sabe que ontem eu tava no colégio e comecei a comentar com as minhas colegas que às vezes eu volto da aula cansada e daí meu marido faz almoço pra mim. Sabe o que uma delas me disse? Que se eu continuasse a pedir isso para ele eu ia acabar perdendo o marido.
- He, he, he.
- Sabe... e daí se eu perder o marido? Eu tenho duas pernas, sou independente. Tenho meu dinheiro, posso comprar minha comida.
- Pois é...
- Depois eu ainda fui no ônibus com ela e ouvi ela falando de mim pro marido. Ah, mas amanhã eu vou chegar pra ela, vô quebrá a cara daquela mulé. O plobema é meu, a vida é minha. Ela não tem que ficá dando palpite. Isso aí é coisa de gente insegura, de gente que se contenta com pouco. Olha onde ela mora, ela é sustentada pelo marido, é obvio que ela tem plobema....
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É nessas horas que eu fico feliz em comer rápido.