Daí hoje eu fui almoçar mais tarde, e só tinha a Babi no restaurante.
Então eu puxei meu livro do Machado e comecei a leitura.
Não sei se é só comigo, mas eu tô sempre fazendo mais de uma atividade ao mesmo tempo.
Nessa hora, eu tava lendo o conto e também lembrando das aulas do Altair Martins que eu tinha na época do cursinho.
Ele era professor de Literatura, e todas as gurias e viados do Mauá o idolatravam.
Ele é baixinho e narigudo. Mas tem um quê de carisma.
Sua aula era a única que não me fazia piscar.
Tinha só uma vez por semana, às quartas-feiras. Era o meu dia da semana.
Ir à aula do Altair era como ir ao cinema, ou ler um livro mesmo.
Ele te colocava dentro da narrativa. Por mais insuportável que ela fosse, a interpretação daquele professor sempre ficava ótima.
Sobre o romantismo e realismo ele gastou várias aulas. E numa delas eu enviei um bilhetinho – o Mauá tinha esse esquema dos alunos enviarem bilhetes com perguntas pros professores, e eles liam lá na frente- perguntando como que o Machado de Assis tinha morrido.
Ele não sabia responder.
Uma semana depois eu cheguei com a resposta impressa no papel. Mandei outro bilhete respondendo que o Machado tinha morrido com câncer na língua – ou algo do tipo, não me lembro agora. E ele ficou bem contente com a minha resposta.
Também, eu mandei praticamente uma carta contando o fato.
A moral da história é que hoje em dia eu nem lembro mais como o tal do Machado morreu, mas sim do feito que eu realizei.
Enquanto ele lia o meu texto, lembro que ficava cada vez mais vermelha...
Então. Depois que entrei na facul li um livro dele.
Ele escreve de um jeito estranho, não sei definir.
Às vezes é difícil de entender até.
E ele fala russo também.
E deve ter a minha altura.
Se bobear até menos.
Mas eu gosto. E bastante.
Sempre digo que tenho saudades do cursinho. Talvez seja mesmo por causa das aulas dele.
20 de mai. de 2005
Da Juventude
ensandecido por Barbara Mattivy às 2:59 PM
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